domingo, 4 de outubro de 2015

Resenha #22: A Menina que Roubava Livros


Sinopse: Ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História.

     Uma coisa sobre esse livro: quem o narra é a Morte, com M maiúsculo. Ela estava realizando seu trabalho matinal, pegar as pobres almas que saíram do mundo dos vivos para levar com ela quando nota a presença de Liesel Meminger, uma garota que entra no mundo da leitura de uma forma um tanto quanto inesperada. A Morte decide, então, observar de perto a vida dessa criança fascinante, descrevendo sua trajetória num período de 5 anos.

Ela era a roubadora de livros que não tinha palavras. Mas, acredite, as palavras estavam a caminho e, quando chegassem, Liesel as seguraria nas mãos feito nuvens, e as torceria feito chuva.
     O livro já começa com ela, sua mãe e seu irmão viajando de trem para Munique, uma cidade alemã. Estava tudo bem até que ela percebeu que seu irmão tinha morrido nos braços da mãe. Saíram do trem para enterrar o garoto. De repente, um dos coveiros deixa cair um livro, O Manual do Coveiro. Liesel não tinha nada do irmão além de uma foto sua então decidiu rapidamente pegar o livro, para, de certa forma, servir como uma lembrança dele. É assim que começa a sua brilhante carreira de ladra de livros.
     Logo após, Liesel se vê em um carro a caminho de se encontrar com sua nova família. Pelo fato de que sua mãe é comunista, e de estar vivendo na época do regime Nazista, seria mais seguro ela morar com outras pessoas. Ao chegar, ela conhece seus novos pais: Rosa e Hans Hubermann, ela a trata de forma dura e ele de forma amável, chamando-a de “vossa majestade”. Liesel percebe imediatamente que irá amá-lo.
     Antes de ir para o seu primeiro dia de aula, seu vizinho, um garoto chamado Rudy Steiner, se oferece para leva-la à escola. A partir daí eles viram grandes amigos, embora ele tenha um grande crush por ela.

Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade.
     Depois de vários acontecimentos, como quando seu pai lhe ensina a ler com um imenso alfabeto/dicionário pintado nas paredes do porão (uma das minhas partes favoritas), Liesel tem que comparecer à queima de livros que não se enquadravam no ideal hitleriano realizada na sua cidade em homenagem ao aniversário do Führer. No final da “cerimônia” (que partiu meu coração), quando todos já haviam voltado para as suas casa, e a praça estava vazia, Liesel se vê diante dos resquícios da fogueira. Bilhares de livros queimados, rasgados e destruídos (e meu coração) jaziam aos pés dela. Menos um. Visto que estava quase intacto, guardou-o dentro das roupas para que seus pais ou ninguém visse. E assim ela rouba o seu segundo livro. 

Está aí uma coisa que nunca saberei nem compreenderei: do que os humanos são capazes.

     Nesse mesmo dia, ouve-se uma batida na porta dos Hubermann. Ao abrir a porta, Hans se depara com um jovem numa péssima aparência, mas o reconhece e o leva para dentro de casa o mais rápido possível, com o receio de ninguém o ter visto entrar. Mais tarde, ele vai explicar para Liesel o que está acontecendo. Ele era um judeu, filho de um grande amigo falecido de Hans, que prometeu ajudar a sua família no que pudesse. Como era um judeu, Max Vandenburg estava fugindo da guarda nazista que o queria levar para os campos de concentração e não poderia ser encontrado por ninguém, o que colocava a família da ladra de livros em grande perigo por estar protegendo um “inimigo” em casa. Mas Liesel não queria saber disso, criou fortes laços de amizades com ele, e sofreu junto a ele.

Ele era o segundo boneco de neve a derreter diante de seus olhos, só que esse era diferente. Era um paradoxo. Quanto mais frio ficava, mais derretia.
     No decorrer da estória, Liesel rouba mais livros, sofre com as bombas, com a ida do seu pai à guerra, e com a saída de Max da casa. Sofre com o segredo que tem que guardar de Rudy e com a falta da verdadeira mãe. Mas se eu contar cada uma dessas coisas aqui, perderá a graça quando você for ler, não é mesmo? Então sofra com o suspense até achar o livro e ler essa ótima obra.

A menina não o produzia com frequência, mas, quando ele surgia, seu sorriso era faminto.
     Esse é um dos livros mais maravilhofantásticos que eu já li na minha vida. Primeiro, porque é contado por alguém bastante inusitado e de uma forma maravilhosa. Segundo, porque, se tem a palavra "livro" no nome, já é bom, e com o decorrer da estória isso se comprova. As partes em que ela está lendo, principalmente com o pai, são um amor, e a que ponto chegamos para ter que roubar livros?
     Terceiro, é mais uma história de uma criança que tenta viver o melhor da sua vida durante o regime Nazista e que não tem nenhuma relação com a 2ª Guerra Mundial, mas sofre do mesmo jeito. Quarto, a amizade dela com o Rudy é linda, assim como a dela com Max. Elas fazem com que você se apaixone por eles e depois queira dar uma tapa na cara do autor por ter feito o que fez (sem spoilers precipitados).
     Algo que me intrigou bastante foi a Morte. Ela descreve a sua trajetória de forma brilhante, te fazendo pensar que a morte é como dançar valsa de uma forma suave, com um companheiro bastante gentil.

Sobre a morte... basta dizer que, em alguns ponto do tempo, eu me erguerei sobre você com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente...

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Um comentário:

  1. Não sabia que a história era narrada pela Morte, pensei que fosse pela Liesel, fiquei surpreso. Faz tempo que quero ler esse livro, já o comprei e ele está reservado para minha meta de leitura de 2016.

    Autor de A Página Certa
    www.laplacecavalcanti.com

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